Nietzsche e Deleuze:
A estética das alegrias
André Silva
INTRODUÇÃO
A afirmação orgiástica da vida, é essa a característica vital deste livro. Trata-se de apresentar argumentos que se oponham e que se ofereçam ao combate dos valores, dos conceitos e das ordens sociais que obrigam os indivíduos a constituírem uma relação de aversão a vida terrena. Amar a vida nos momentos de vitória ou de adversidade, amar o corpo e sua matéria de caos e vontade, amar o aqui e o agora como a única chance para a construção de uma vida realmente grande e singular.
É essa a proposta de estética da existência citada por Deleuze (1992): a construção de uma vida eticamente forte e esteticamente bela, pois rica em alegrias cotidianas, como rir com os vizinhos, fazer versos sobre a vida, cozinhar para os amigos, consumir vinho com as visitas. Rizomas crescem entre essas linhas.
Trata-se de recusar a tristeza apresentada por valores, conceitos ou afetos que reduzam a grandeza simples presente nas coisas do aqui e do agora. Desse modo, aqui se afirma: – “Como é bela a alegria!” Como é belo alegrar-se com o que a vida oferece a cada manhã, de vitória ou de ruína, de riqueza ou de restrição, abrindo a cada momento a possibilidade de uma vida grande, rica e alegre.
Para tanto, este livro se aproxima de modo canibal de Nietzsche e de Deleuze. Não se trata de apresentar um comentário sobre o caráter ético e estético do pensamento desses filósofos seguindo as veredas abertas pela historiografia clássica ou pelas linhas convencionais utilizadas por seus respectivos comentadores. Apesar do cuidado com a apresentação das referências, este livro se guia por uma vontade cega e surda de compor uma súmula de aforismos e versos que afirmem a grandeza da vida.
Para Ubualdo (2014), alguns entre os ameríndios comiam a carne dos colonizadores que aparentavam ser vigorosos e combativos como um meio de honrar e de receber em seu corpo o vigor e a aptidão do outro para o combate. Neste livro, comemos Nietzsche e Deleuze e, nesse gesto de antropofagia, homenageamos a força e a alegria deles para a luta e repetimos aquilo que seus corpos cantaram: Precisamos criar ilusões, precisamos sofrer com grandeza, precisamos cantar todas as manhãs, precisamos esquecer muito, precisamos dizer sempre: “Amo a vida!”
Especificações técnicas
Poesia
108 páginas
14x21cm
Capa laminação fosca
Miolo papel polen 80g
ISBN 978-65-00-96228-4
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